2006/09/28

Hélia Correia vence prémio

Pela sua relevância didáctica, cito o Público de hoje:
"Máxima de Literatura para Hélia Correia
A escritora Hélia Correia venceu o Prémio Máxima de Literatura deste ano, com a obra Bastardia. "É uma novela de grande qualidade", disse ontem à Lusa a directora da revista, Laura Torres, referindo que a obra foi escolhida pelo júri por unanimidade. O Prémio Máxima de Literatura, que já vai na 14.ª edição, tem o valor monetário de 7500 euros. O Prémio Revelação deste ano, de 2500 euros, foi atribuído a Lourença Baldaque, que se estreou literariamente com A Alegria do Bem e do Mal (ed. Campo das Letras). Ana Maria Costa Lopes venceu o Prémio Especial do Júri, também no valor de 2500 euros, pelo ensaio Imagens da Mulher na Imprensa Feminina de Oitocentos - Percursos de Modernidade. O júri foi constituído por Madalena Fragoso, Maria Helena Mateus, Fernando Pinto do Amaral, João Aguiar e Laura Torres.". A hiperligação e os itálicos foram acrescentados.

2006/09/07

Ainda Luís Amaro

Pela sua manifesta relevância didáctica, cito Eduardo Prado Coelho, a partir do jornal Público: "Saiu agora, com a discrição que o caracteriza, um livro-antologia da obra de Luís Amaro: Diário Íntimo. O que é quase insólito é que este homem sério e circunspecto seja adoptado por uma editora que se tem caracterizado pela irreverência e marginalidade. Manifestamente com orgulho: "A razão por que surge agora chancelando, honrada, a edição da breve mas intensa obra poética de Luís Amaro (n. 1923, Aljustrel), há muito esgotada, prende-se seguramente com a existência de duas afinidades entre a editora e o escritor: a dedicação aos livros - de poesia, sempre, de prosa sejam - e aquela ética que dita a discrição à revelia das visibilidades do campeonato." E acrescenta Vítor Silva Tavares: "Não há poeta da nossa contemporaneidade, já falecido ou vivo, que directa ou indirectamente lhe não deva alguma coisa."
A poesia de Luís Amaro tem alguns momentos de fulgurância: "Quero o silêncio perfeito / onde a minha lembrança não abra rios de sangue." Mas, como o próprio autor reconhece, trata-se predominantemente de um lirismo inactual, em que Luís Amaro faz gosto em assumir que é um homem doutro tempo e doutra modernidade (que não é aquela de que gostamos de falar). Como escreve o meu pai numa carta que lhe envia: "A sinceridade humana, de humanidade que é poesia, ao mesmo tempo valoriza e limita o seu livro: o autor de Biografia é o primeiro a manifestar a consciência desta dificuldade: tem de falar constantemente, com palavras vagas, repetidas e já usadas, desse escuro da alma em que se desenrola um drama pessoal, sem nada de espectacular, sem variedade empolgante."
Não sei como Luís Amaro e o meu pai se encontraram, mas a dada altura ele surge como o colaborador mais próximo do meu pai na Colóquio-Letras. Não escrevendo textos, mas revendo os textos dos outros. Luís Amaro estava sempre atento à ortografia, à sintaxe, às cacofonias, aos deslizes de sentido e sobretudo às citações que os textos faziam, que na maior parte das vezes estavam estropiadas ou eram aproximativas. Isso implicava que para cada caso fosse consultar o livro original. Luís Amaro tinha bibliografias extremamente seguras, e a ele se deve a bibliografia de toda a obra do meu pai no volume que lhe foi consagrado e se intitula Afecto às Letras.
Pouco a pouco, Luís Amaro e o meu pai desformalizaram a relação e Luís Amaro foi sempre um amigo fidelíssimo, sempre presente mesmo nas piores circunstâncias. Já o meu pai estava muito doente e ele gostava de aparecer com a correspondência e informações sobre o andamento da revista (a que meu pai dedicara grande parte das suas últimas energias). É tudo isso que devo a Luís Amaro: foi dos homens bons e sérios que tive a felicidade de conhecer. [...]". As hiperligações foram acrescentadas.

2006/09/04

Espólio de António Gedeão na Biblioteca Nacional

Cito o Jornal de Notícias de hoje: "Diversos originais de Rómulo de Carvalho - nome no registo civil do poeta António Gedeão -, foram doados pelo poeta Luís Amaro à Biblioteca Nacional (BN). O acervo irá enriquecer o Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea daquela instituição de Lisboa.
Os documentos agora oferecidos, mensagens originais enviadas por Rómulo de Carvalho a Luís Amaro entre 1969 e 1995, serão integrados no núcleo ESP. N5 - essencialmente constituído por colecções de cartas, manuscritos originais e provas tipográficas de vultos de referência da cultura portuguesa contemporânea - que, desde 1981, Luís Amaro tem entregue ao arquivo da BN.
O centenário do nascimento de Rómulo de Carvalho, historiador, cientista e professor durante 40 anos, será assinalado a 24 de Novembro. Rómulo de Carvalho (1906 - 1997) revelou-se como poeta apenas em 1956, com "Movimento perpétuo". A esta viriam juntar-se outras obras fundamentais, como "Teatro do mundo" (1958), "Máquina de fogo" (1961), "Poema para Galileu" (1964), "Linhas de força" (1967) e ainda "Poemas póstumos" (1983).
Por seu lado, Luís Amaro foi co-fundador e co-director da revista Árvore, publicada entre 1951 e 1952 e da qual também fizeram parte Raul de Carvalho, António Ramos Rosa e António Luís Moita. Colaborou nas revistas Seara Nova, Távola Redonda, Portucale, tendo, ainda, desempenhado os cargos de secretário de redacção e, posteriormente, de director-adjunto da Colóquio/Letras.
Esta colaboração literária permitiu-lhe reunir um vasto arquivo literário e epistolar que salvou do esquecimento - senão mesmo da destruição - milhares de páginas, entre originais, provas tipográficas e grande número de missivas. O espólio pode ser conhecido, designadamente, através do seguinte endereço electrónico http://acpc.bn.pt.". As hiperligações foram acrescentadas. Sobre Luís Amaro, leia-se ainda este post do blog Da Literatura.